
A mudança climática deixou de ser um tema restrito a conferências internacionais para se tornar um fator central na estratégia de negócios. Empresas de diferentes portes e setores já sentem os impactos financeiros de eventos climáticos extremos e das novas regulamentações. Nesse cenário, a gestão eficaz de riscos climáticos não é mais uma escolha: é uma condição para garantir resiliência, competitividade e acesso a capital.
Por que a gestão de riscos climáticos é um desafio crescente?
A agenda climática avança em ritmo acelerado. Reguladores como o Banco Central, CVM e organismos internacionais vêm estabelecendo normas de supervisão, testes de estresse e requisitos de divulgação que impactam diretamente instituições financeiras e empresas de todos os setores.
Dois grandes obstáculos, no entanto, se destacam:
- Falta de dados confiáveis e históricos: sem séries temporais robustas para modelagem, as projeções ainda trazem margens amplas de incerteza. Um exemplo citado no evento foi o da Vale, que mesmo com dados detalhados sobre emissões e conhecimento técnico do tema, não consegue prever com precisão os impactos financeiros da precificação de carbono a partir de 2030.
- Baixo nível de conhecimento técnico: muitas lideranças ainda não compreendem conceitos e métricas básicas, como tonelada de CO₂ equivalente, o que limita a tomada de decisão estratégica.
Essas barreiras dificultam a priorização dos riscos climáticos no dia a dia corporativo, sobretudo em empresas de pequeno e médio porte.
Desafios por porte e setor
- Grandes corporações: contam com times técnicos e dados avançados, mas enfrentam incertezas na precificação e modelagem de cenários climáticos.
- Médias empresas: por falta de conhecimento no tema, sentem dificuldade em saber se estão enquadradas em regras emergentes, como o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões.
- Pequenas empresas: lidam com o desafio de responder a questionários e exigências de fornecedores e financiadores, muitas vezes sem estrutura mínima para coletar e analisar dados.
Já na perspectiva setorial, riscos físicos (como enchentes ou secas) impactam mais diretamente setores como agronegócio, energia e logística. Por outro lado, setores industriais e financeiros enfrentam pressões regulatórias crescentes ligadas a emissões e transição energética.
Oportunidades além do compliance
Apesar das dificuldades, o avanço regulatório e a pressão por transparência têm gerado uma mudança de mentalidade. As empresas começam a enxergar o risco climático não apenas como custo de compliance, mas como motor de inovação e abertura de novos mercados.
Exemplos incluem:
- Desenvolvimento de novos produtos financeiros verdes.
- Diferenciação competitiva em cadeias globais de fornecimento.
- Maior atratividade para investidores que priorizam critérios ESG.
Ou seja, quem se adianta na agenda climática está não só mitigando riscos, mas construindo novas fontes de receita.
Voz de mercado com a especialista Adriana Mello
Tomadores de decisão de corporações de diversos portes enfrentam hoje uma dificuldade real de alocação de capital para gestão de riscos climáticos. Não porque não acreditam no risco, mas por causa de todas as incertezas temporais e quantitativas associadas à sua materialização. Então, outros tipos de riscos (os mais tradicionais) ganham preferência na alocação de recursos pela precisão da informação e evidências de materialização.
Por outro lado, estamos presenciando uma mudança crescente de percepção, onde as empresas e tomadores de decisão estão deixando de enxergar riscos climáticos apenas como compliance e aumento de custo operacional, para enxergar o tema como um grande catalizador de inovação e abertura de novos mercados.
É um paradoxo que revela a necessidade de uma mudança de cultura empresarial: onde a gestão eficaz do risco climático se torna uma alavanca competitiva, para a inovação e a liderança em novos mercados.
Caminhos para avançar na gestão de riscos climáticos
Os especialistas apontam três pilares fundamentais para que o Brasil e suas empresas avancem:
- Regulação como catalisadora: normas claras que exijam que empresas a amadurecer sua gestão e a produzir dados mais confiáveis.
- Infraestrutura de dados nacionais: é urgente criar bases de dados tropicalizadas, que reflitam a realidade brasileira em modelos de risco físico e transição.
- Mudança cultural: enxergar a agenda climática não como custo, mas como oportunidade estratégica para o país, aproveitando vantagens comparativas únicas, como a matriz energética renovável.
O papel da ESGreen
A gestão de riscos climáticos eficaz exige dados confiáveis, inteligência regulatória e capacidade de integrar múltiplas fontes de informação. É exatamente aqui que a ESGreen se conecta ao desafio: ao automatizar a checagem de fornecedores, clientes e parceiros e consolidar dados auditáveis em um único painel, a plataforma ajuda empresas de todos os portes a transformar riscos climáticos em decisões ágeis, seguras e orientadas ao futuro.
Mais do que mitigar riscos, trata-se de liberar o potencial de inovação e crescimento em uma economia cada vez mais verde e competitiva.