Agenda de Sustentabilidade do Banco Central: o que pode mudar e como as instituições podem se preparar

A transformação sustentável do sistema financeiro brasileiro ganhou um novo capítulo. Em julho de 2025, o Banco Central sinalizou atualização na sua Agenda de Sustentabilidade, reforçando o papel da regulação na construção de um setor mais ético, resiliente e transparente. 

A novidade vem acompanhada de medidas concretas: expansão do Birô Verde, novas consultas públicas, e o fortalecimento de normas como a Resolução CMN nº 4.945/2021, que já exige a integração de critérios ESG na gestão de riscos. 

Este artigo apresenta os principais pontos da nova agenda e o que instituições financeiras, especialmente bancos, cooperativas e fintechs, devem fazer para se adaptar. 

O que é a Agenda de Sustentabilidade do Bacen? 

Criada em 2020, a Agenda BC Sustentabilidade é um dos pilares da modernização regulatória do Banco Central, voltada para:

  • Redução de riscos socioambientais e climáticos no sistema financeiro.
  • Incentivo à transparência e governança ESG.
  • Estímulo ao crédito sustentável com base em dados.

A atualização de 2025 reforça esse compromisso com ações estruturantes para os próximos anos.

Principais iniciativas anunciadas

1. Ampliação do Birô Verde 

O Bacen estuda transformar o Birô Verde em uma base oficial e interoperável que consolida dados de crédito com critérios ESG. A ideia é facilitar o acesso a informações confiáveis sobre o risco socioambiental de operações e instituições.

Impacto prático: instituições precisarão alimentar e consultar esse sistema com dados padronizados e auditáveis, o que exige boa governança interna.

2. Consulta Pública nº 119/2025

Em maio de 2025, o Banco Central encerrou a Consulta Pública nº 119/2025, que propôs a normatização do tratamento contábil de ativos e passivos vinculados a ações de sustentabilidade. O texto previa regras específicas para operações como:

  • Emissões de títulos verdes;
  • Financiamentos condicionados a metas ESG;
  • Instrumentos financeiros ligados a indicadores ambientais ou sociais.

O objetivo da proposta era garantir clareza, comparabilidade e integridade nos registros contábeis dessas operações, alinhando o sistema financeiro brasileiro a padrões internacionais, como o IFRS S1/S2 e as recomendações do BCBS.

3. Fortalecimento da Resolução CMN nº 4.945/2021 

Já em vigor, a resolução exige que instituições classifiquem e monitorem riscos socioambientais e climáticos com base em: 

  • Avaliação por setor e porte;
  • Monitoramento contínuo de fornecedores e parceiros;
  • Divulgação anual de ações e resultados.

A nova agenda prevê intensificação da fiscalização e maior ênfase na gestão ativa de riscos ESG.

O que isso significa na prática para as instituições?

As instituições financeiras precisarão:

  • Estruturar mecanismos internos de coleta e análise de dados ESG (não apenas reputacionais, mas também operacionais).
  • Incorporar critérios socioambientais em onboarding de clientes, fornecedores e parceiros.
  • Ter evidências documentadas de como avaliam e tratam riscos ESG.
  • Desenvolver dashboards e relatórios que possam ser auditados — seja por reguladores, investidores ou o próprio mercado.
Como se preparar de forma proativa?

Instituições que desejam se antecipar podem começar por: 

  1. Mapear temas materiais com base em seu setor (ex: cibersegurança em empresas de tecnologia, impacto climático em agronegócio etc).
  2. Revisar políticas internas e adequar o processo de due diligence de terceiros.
  3. Adotar sistemas que garantam rastreabilidade e consistência dos dados — especialmente em relação a alertas, alterações cadastrais e judicializações.
  4. Engajar lideranças e áreas como compras, compliance e riscos na cultura ESG.
Apoio de tecnologia especializada

Embora não seja obrigatório adotar uma ferramenta externa, a automação do monitoramento ESG e a padronização de critérios aumentam significativamente a capacidade de resposta diante das novas exigências do Banco Central.

Soluções como a ESGreen, que integram avaliação de materialidade, cruzamento de dados públicos, alertas automatizados e integração via API, permitem escalar o processo com segurança e transparência, requisitos cada vez mais valorizados por reguladores e auditorias.

Conclusão

A nova Agenda do Bacen confirma que ESG é um vetor de estabilidade sistêmica e competitividade no mercado financeiro. A adaptação às exigências será inevitável, e quem começar agora sairá na frente.

A boa notícia é que já existem metodologias, tecnologias e boas práticas disponíveis para tornar esse processo menos burocrático e mais estratégico. Soluções como a ESGreen oferecem uma base sólida para que instituições iniciem ou aprimorem sua jornada ESG com mais governança, previsibilidade e confiança regulatória.

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